Quando é realizada a ressecção parcial ou total do neurinoma do acústico?
O objetivo da cirurgia é a remoção total do tumor, bem como, sem complicações. Independentemente do tamanho do neurinoma do acústico, a ressecção parcial raramente é indicada. Em algumas situações específicas, durante procedimentos como distúrbios dos centros cerebrais que controlam a respiração, pressão arterial ou a função cardíaca, pode ser necessário abreviar o procedimento. Nesse caso, adota-se a ressecção parcial do tumor, permitindo que o cérebro restaure as funções vitais. Se houver um resíduo do neurinoma do acústico, o resíduo tumoral pode crescer novamente e causar sintomas. Nessa situação, um novo procedimento pode ser realizado com menor risco de comprometer os sinais vitais. Se ocorrer uma remoção parcial do neurinoma do acústico, o paciente será informado.
Não raro, a primeira cirurgia reduz o tamanho do tumor e o separa o tumor dos centros cerebrais vitais. Posteriormente, poderá ser removido completamente, num segundo procedimento. Na maioria das vezes, esperamos entre 4 e 6 meses para operar novamente o neurinoma do acústico residual. Por precaução, alguns casos podem ser observados e acompanhados ao longos dos anos para que, caso ocorra o crescimento do neurinoma do acústico residual, seja tomada uma nova decisão sobre a necessidade de um segundo procedimento.
Quais são os riscos e complicações na cirurgia do neuroma do acústico?
O tratamento mais comum para o neuroma do acústico é a remoção cirúrgica. De um modo geral, quanto menor o neurinoma, e consequente menor o tempo de cirurgia, menor a chance de complicações. À medida que o tumor aumenta de tamanho, a incidência de complicações também é ampliada. Quanto mais precocemente diagnosticado e removido, menos provável a ocorrência de complicações sérias. O risco da cirurgia é menor do que o risco de deixar o neuroma do acústico crescer sem tratamento apropriado.
Surdez – Em tumores pequenos pode ser possível salvar a audição mesmo após a ressecção do neuroma do acústico. Nos tumores grandes, entretanto, pode ocorrer surdez no ouvido operado. Portanto, o paciente pode passar a ouvir somente com ouvido que não foi operado.
Zumbido – O zumbido geralmente permanece igual ao que era antes da cirurgia. Em 10% dos pacientes esse zumbido pode ficar mais perceptível.
Distúrbio de Gustação e Boca Seca – Alteração de gustação e boca seca não são raros durante algumas semanas após o procedimento, de modo que, em 5% dos pacientes esses sintomas podem se prolongar.
Tontura e desequilíbrio – Na cirurgia do neuroma do acústico é necessário remover parte o todo nervo vestibular e, em alguns casos, remover todo o mecanismo de equilíbrio da orelha interna. Já que o tumor, frequentemente, danifica o sistema de equilíbrio, a remoção do tumor tende a melhorar o desequilíbrio e os sintomas de tontura em relação ao pré-operatório. Tontura é comum após o procedimento e pode ser significativo por alguns dias. A tontura e o desequilíbrio se estendem durante o período de compensação pelo ouvido bom, geralmente, por um período de 1 a 4 meses.
Alguns pacientes podem perceber sintomas de desequilíbrio por diversos anos principalmente em situações de cansaço. Ocasionalmente o suprimento sanguíneo da porção do cérebro responsável pela coordenação (cerebelo) é reduzida pelo tumor ou pela própria ressecção do neuroma do acústico. Podem ocorrer dificuldade de coordenação no braço e perna (ataxia). Essa complicação é extremamente rara.
Paralisia Facial – O neuromas do acústico estão em íntimo contato com o nervo facial, responsável pelo movimento de fechar o olho, bem como, pelo movimento dos músculos da expressão facial. A paralisia facial temporária pode ocorrer após a ressecção do neuroma do acústico, enquanto que fraqueza pode persistir por 6 a 12 meses. Poucos pacientes apresentam fraqueza facial permanente. A paralisia facial pode ser resultado de inchaço ou dano no nervo. Este inchaço, por sua vez, é comum pelo fato de que o nervo comprimido e distorcido pelo tumor no conduto auditivo interno.
A remoção tumoral cuidadosa com uso de microscópio cirúrgico e monitorização do nervo facial frequentemente resulta em preservação do nervo facial. O estiramento do nervo facial pode, também, resultar em inchaço, com paralisia facial temporária subsequente. Nesses casos, a função do nervo facial é acompanhada de perto por meses após o procedimento. Se existe certeza que a função do nervo facial não será recuperada ao longo do tempo (1 a 2% dos casos), uma segunda cirurgia pode ser realizada para conectar o nervo facial com um nervo no pescoço (Anastomose hipoglosso-facial).
Entre 1% e 2% dos casos, o nervo facial passa pelo centro (meio) do neuroma do acústico. Além disso, o tumor pode ser originado no próprio nervo facial (neurinoma do facial). Nessas situações é necessário remover parte o todo o nervo para ressecção tumoral. Quando isso é necessário, o nervo facial pode ser imediatamente reconectado ou ser realizado uma “ponte”, com nervo que promove sensibilidade na pele de uma parte do pescoço, para conectar o nervo facial que falta.
Quando não é possível reconectar ou realizar uma “ponte” no nervo facial, uma segunda cirurgia pode ser realizada para reanimação da face. Uma opção é anastomose hipoglosso-facial, conectando o nervo da língua com o nervo da face. Uma outra opção é a cirurgia de reanimação facial em que o musculo temporal (mastigação) é conectado aos músculos da face para auxiliar na movimentação.
Cuidados Oculares – As fibras nervosas, que são responsável pela lágrima, estão intimamente relacionada ao nervo facial. A paralisia facial pode gerar um olho seco e desprotegido. Por meio da avaliação com o oftalmologista é possível verificar este problema. Pode ser útil o uso de lagrima artificial, proteger o olho com fita adesiva, lubrificantes e tapa olho. Quando a paralisia facial for prolongada, o oftalmologista pode utilizar um sistema de fechamento do olho, peso de ouro ou lentes de contato. Isso mantem o olho lubrificado e melhora o conforto e a aparência.
Outras fraquezas musculares – Em casos raros, o neurinoma do acústico pode estar em contato com os nervos que inervam os músculos do olho, face, boca e garganta. Essas áreas afetadas podem resultar em visão dupla, formigamento da garganta, face e língua, fraqueza no ombro, fraqueza na voz e dificuldade de deglutição. Esses problemas podem ser permanentes, entretanto, são extremamente raros.
Dor de cabeça no pós-operatório – Logo após a ressecção do neuroma do acústico, ou seja, no período do pós-operatório é comum dor de cabeça é comum. Em alguns casos essa cefaleia pode se prolongar.
Dor lombar – A dor lombar ocorre em função de irritação do sangue no espaço onde estão os nervos. Essa questão é temporária e reponde bem ao tratamento com calor local e fisioterapia.
Complicações cerebrais – O neuroma do acústico está localizado em uma área próxima aos centros vitais do cérebro que controlam a respiração, pressão arterial e função cardíaca. Na medida que esse tumor cresce, ele vai se aderindo a esses centros cerebrais e se entrelaçando com vasos sanguíneos que irrigam essas áreas cerebrais. Uma dissecção cuidadosa com o auxilio de um microscópio cirúrgico, geralmente, evita essas complicações. Se existe um distúrbio no suprimento sanguíneo de áreas cerebrais vitais, podem ocorrer sérias complicações como perda de controle muscular e paralisias. Essas complicações são extremamente raras.
Vazamento de liquido espinhal no pós-operatório – Na cirurgia do neuroma do acústico pode ocorrer vazamento temporário de líquido cérebro espinhal (líquido que envolve o cérebro). Antes da finalizar o procedimento cirúrgico, esse vazamento é fechado com gordura removida do abdome. Ocasionalmente, esse vazamento abre novamente, de modo que uma segunda cirurgia é necessária para proceder o fechamento apropriado. Um dreno pode ser colocado na coluna para reduzir a pressão. Se não for efetivo, pode ser necessário reabrir a incisão e fechar o vazamento.
Sangramento pós-operatório e inchaço cerebral – Sangramento e inchaço cerebral podem ocorrer após a cirurgia. Nestes, casos, um segundo procedimento pode ser necessário para reabrir a incisão, remover o sangue coagulado e permitir que o cérebro se expanda novamente.
Infecção pós-operatória – As infecções ocorrem em menos de 1% dos pacientes após a cirurgia. Essa infecção pode ocorrer na forma de meningite, que é uma infecção do fluido e tecido que envolve o cérebro. Quando essa complicação ocorre, a hospitalização pode ser prolongada, devido ao tratamento que deve ser realizado com altas doses de antibióticos.
Reação por transfusão sanguínea – Pode ser necessário transfusão sanguínea durante a cirurgia do neuroma do acústico. Reações a transfusão são extremamente raras. Em alguns casos, antes mesmo da cirurgia, uma bolsa de sangue do próprio paciente pode ser armazenada para uso no futuro.